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Ciclo de Formação: Anarquismo, Mudança do clima e Meio Ambiente

Esse curso de formação tem objetivo de contribuir, não obstante, instruir militantes, ativista e público em geral para o debate acerca do arcabouço teóricoideológico anarquista frente as implicações de um mundo em rápida alteração climática com consequências mortais, principalmente, para a classe trabalhadora e todo o conjunto das de baixo. O mote para essa formação é iniciar uma série de reflexões, debates e, quem sabe, elaborar algumas resoluções ou teses, dentro da perspectiva do anarquismo organizado para a problemática climática e ambiental.

 

O arcabouço teórico-ideológico do anarquismo organizado, assim como, sua prática cotidiano de ação revolucionaria já nos apontam algumas saídas para o emblemático momento engendrado pela ganância do andar de cima. Nossa teoria crítica as estruturas hierárquicas de poder, incluindo governos, corporações e outras instituições que dominam a tomada de decisões, concentrando o poder nas mãos de poucos, levando a decisões que dão prioridade aos ganhos de curto prazo em detrimento a sustentabilidade vinculada a um projeto de mudança social radical em longo prazo.

 

Para nós anarquistas a atual mudança do clima e o estagio de degradação do meio ambiente (rural e urbano) é um sintoma de questões sistêmicas mais amplas. O sistema capitalista é o principal eixo dessas questões, levando à extração implacável de recursos naturais, à exploração e precarização das condições de trabalho e ao desrespeito pelos limites ecológicos. A avidez pelo lucro alimenta toda a engrenagem poluidora multifacetada que contribuem para as emissões de gases efeito estufa (GEE), desde a indústria ao desmatamento das florestas primárias/secundárias, passando pelo esgotamento e erosão dos solos até a acidificação dos oceanos alterando os ciclos biogeoquímicos, fundamentais para existência da vida no planeta Terra.

 

Os governos dos países do norte global, muito provavelmente, não cumprirão suas metas de redução dos GEE, não reduzirão seu consumo, pelo contrário, farão (como já temos exemplos) um mercado financeiro rentista de crédito de carbono (blue carbon) que não está preocupado em diminuir o incremento de GEE na atmosfera, mas sim compensá-los retirando o dióxido de carbono (CO2) via projeto de sequestro de carbono em alguma floresta, principalmente, de países do sul global, onde conta com fraca economia e fortemente subalternizados nesse jogo rentista, por exemplo, no Brasil e, em especial, na Amazônia, que sofre inclusive com o colonialismo interno do centrooeste e sul do país.

 

O impacto desproporcional das alterações climáticas nas comunidades marginalizadas a nível global, regional e local é colocado como uma equação de resolução simplista via projetos de mitigação: o reflorestamento de áreas degradadas, por si só, não mudará as condições que produz o desequilíbrio ecológico e climático, não reduzirá a fome e desigualdade econômica, os pobres continuarão no fosso da necessidade, ao passo que os ricos, esses sim, concentrarão ainda mais recursos financeiros, fruto do seu projeto político-ambiental de gestão da crise climática. A falta de democracia direta nos processos de tomada de decisões relacionadas à crise ecológica-climática-ambiental está frequentemente concentrado nas mãos de políticos profissionais, da casta burocrata e legalista e, das elites empresariais, afastando com desdém aqueles e aquelas que mais sofrem com as decisões políticas tomadas pelo andar de cima.

 

Chamamos companheiras e companheiros para estarem presentes nesses momentos de formação ecoanarquista para refletir coletivamente sobre questões de justiça ambiental e social. Pensar em táticas de ação direta, como protestos, ocupações e sabotagem que possam ir de encontro às práticas ambientalmente destrutivas e criar espaços para soluções alternativas com princípios ecológicos de sustentabilidade radical e populares do campo das de baixo e a esquerda. Tendo em mente o princípio da ajuda mútua e da solidariedade como uma das respostas às mudanças climáticas e aos seus impactos socioambientais.

 

Tema 1: O anarquismo como pré-requisito para a prática dos princípios ecológicos (1°/06)

Literatura recomendada:

i – Textos selecionados do livro: Ecologia social, do autor Murray Bookchin;

ii – Capítulo 2: Orígenes sociales de la división sexual del trabajo, do livro Patriarcado y acumulación a escala mundial da autora Maria Mies;

iii – Capítulo 8: Ajuda Mútua entre nós, do livro ajuda mutua um fator de evolução, do autor Pior Kropotkin.

 

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Tema 2: A crise que estamos experimentando não é o fracasso de uma espécie, é o fracasso de um sistema (15/06)

Literatura recomendada:

i – Imaginações Ecológicas Mundiais – Poder e Produção na Teia da Vida, do autor Jason W. Moore;

ii – Antropoceno, Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno: fazendo parentes, da autora Donna Haraway;

iii – Capítulo 2: Conflitos socioambientais e linguagens de valorização, do livro fronteiras do neoextrativismo na América Latina, da autora Maristela Svampa.

iv – Parte I-3 O decênio decisivo da Amazônia, do livro O decênio decisivo, do autor Luiz Marques.

 

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Tema 3: Uma Solução Anarquista para o Aquecimento Global (29/06)

Literatura recomendada:

i – Textos selecionados do livro: Ecologia social, do autor Murray Bookchin.

ii – Uma Solução Anarquista para o Aquecimento Global, do autor Peter Gelderloos;

iii – Que os ricos paguem pela crise climática! de autoria da Coordenação Anarquista Brasileira.