Palestina – Israel:
A solução não está na vingança, mas sim, no fim dos Estados e do capitalismo
O CCLA, através desta nota, quer expor sua visão, enquanto movimento libertário, sobre os acontecimentos no Meio Oriente, especialmente em relação aos fatos em curso desde sábado 7/10/2023.
1 – A responsabilidade pela situação intolerável do povo palestino é de exclusividade da política perpetrada pelo Estado de Israel;
2 – Desde a sua criação em 1948 e com o aval dos Estados Unidos, inúmeros são os crimes e violações cometidos pelo Estado de Israel contra o povo palestino, dentre os quais podemos destacar: a apropriação de terras, a segregação, o confinamento, os assassinatos em massa e demais tipos de crimes;
3 – A resistência do povo palestino, portanto, é absolutamente legítima e corresponde à resposta justa de um povo a seu agressor;
4 – Por outro lado, o Hamas (grupo político-religioso com fins teocráticos e cria indireta dos Estados Unidos) ao tentar impor uma justificativa transcendental às suas ações, não busca a libertação do povo palestino, pelo contrário, através da religião e da sua política impostas à população de Gaza, o Hamas, invocando uma suposta autoridade religiosa arbitrária e injusta, coopta a mente e os corpos dos palestinos, transformando-os (quase que literalmente) em bucha de canhão e obrigando-os a lutar uma guerra que não é sua;
5 – Destarte, o papel de todo movimento Anarquista, digno desse nome, não é se alistar ao lado do Hamas (como fazem os partidos esquerdistas alienados que querem mostrar solidariedade ao povo palestino, apoiando, assim, o ataque bárbaro do Hamas a populações civis) e, ainda menos, apoiar a reação belicosa e vingativa do Estado israelense;
6 – A obrigação moral e prática do Anarquismo, enquanto doutrina social de emancipação global, é lutar contra toda forma de opressão, seja ela política, econômica, religiosa. Todos os componentes populares dos povos israelense e palestino são submetidos a uma situação absurda de confronto entre potências político-religiosas e econômicas que têm como única meta real a sujeição dos próprios povos a um sistema que, sob a liderança deles, sempre será autoritário, sempre provocará a exploração capitalista por parte das suas elites e controle geral da população em nome de uma ordem moral religiosa impiedosa;
7 – O movimento anarquista de qualquer lugar no planeta tem que auxiliar os povos da Palestina e de Israel na concepção e na construção de uma solução pacífica entre eles, que não reforce as correntes religiosas extremistas e reacionárias e que não gere mais uma situação insustentável a longo prazo (como o sistema de dois Estados);
8 – Portanto, o movimento anarquista deve procurar estabelecer contato com as forças independentes existentes nesse conflito, apoiá-las sem reserva e com todos os meios possíveis para dar uma chance a ideias que vão realmente em direção à libertação dos povos subjugados nesse conflito e libertá-los da opressão do Estado e do sistema econômico vigente, ou seja, o capitalismo.
Belém do Pará, o CCLA, dia 12/10/2023.